Democratização do conhecimento jurídico

 27 DE SETEMBRO DE 2021 POR GÉSSICA GUIMARÃES

Eu costumo dizer que só podemos lutar por direitos que sabemos ter. Parece óbvio, mas precisamos lembrar que o óbvio precisa ser repetido.

Muitas pessoas passam por situações desagradáveis sem ao menos saber que alguns acontecimentos não são cotidianos e que são, inclusive, proibidos pela lei. Essas situações podem ocorrer desde ligações constantes e constrangedoras para cobrança de uma dívida até sérias violações a direitos humanos.

Sem o mínimo conhecimento legal, como é possível ao cidadão exercitar seus direitos, e eventualmente, chegar ao Poder Judiciário?

Por isso é tão importante que os advogados sejam também agentes da democratização do conhecimento jurídico. E qual a melhor forma de contribuir para a democratização deste conhecimento?

Fonte: freepik

As redes sociais podem ser aliadas importantes para tornar o conhecimento jurídico mais acessível.

O primeiro passo é compreender que o intuito não é formar advogados através de postagens nas redes sociais, tampouco promover consultas jurídicas gratuitas.

Para se tornar advogado, é necessário cursar 5 ou 6 anos de faculdade e passar pelo crivo do exame da OAB. Ainda assim, não há advogado no mundo que saiba tudo sobre todos os assuntos.

Mesmo em nossas áreas específicas de atuação, estamos constantemente aprendendo e conhecendo novas matérias. O estudo é realmente constante e eterno (espero não desanimar nenhum estudante de Direito com essa informação).

A velha brincadeira que tudo no Direito “depende” guarda um fundo de verdade, já que cada caso é um caso e podemos passar toda uma vida advogando sem chegar perto de conhecer todas as situações que o Direito pode abarcar.

Evidente, assim, ser improvável repassar às pessoas todo o conhecimento jurídico que adquirimos no decorrer de nossa trajetória através de postagens nas redes sociais. Mas parte do nosso conhecimento pode ser compartilhado para levar ao máximo possível de pessoas uma informação de qualidade.

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A internet está aí, claro, pronta para responder a quase todas nossas perguntas, embora haja muita informação sem qualidade ou procedência circulando pela rede – vide a praga das fake news. Mas nem a internet é suficiente quando as pessoas não têm conhecimento sequer para formular as perguntas corretas.

As redes sociais têm se mostrado excelente forma de compartilhar conhecimento jurídico e também promover debates sobre questões importantes.

A produção deste tipo de conteúdo exige cuidado. A informação deve ser repassada da forma mais clara possível, ressaltando-se que casos específicos devem ser analisados de maneira individualizada pelo profissional competente e sempre lembrando que não se trata de uma consulta jurídica gratuita.

Outra maneira de democratizar o conhecimento jurídico é fornecer aos nossos clientes o melhor atendimento possível, ouvindo sua história com atenção e estudando as melhores soluções para a demanda. Conversar com o cliente de maneira efetiva implica em traduzir o “juridiquês” e atuar de maneira transparente, expondo riscos e custos.

A democratização do conhecimento jurídico é uma forma de empoderar pessoas; proporcionar meios para que alcancem seus objetivos com mais qualidade.

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Pequenos empreendedores poderão atender melhor seus clientes, mulheres terão acesso a informações sobre como identificar e sair de relacionamentos abusivos. Imagine só informar consumidores a respeito de práticas abusivas e apontar mecanismos pacíficos de solução de problemas? Dessa forma, não apenas democratizamos o conhecimento jurídico, mas o próprio Poder Judiciário!

Compartilhar conhecimento é a melhor forma de multiplicar o conhecimento. Conhecimento é poder: para quem recebe e também para quem oferece.