Tolstói, Ihering e a Pandemia

10 DE JUNHO DE 2021 VITÓRIA ANDRADE

Olá meu querido leitor do Desperte, como está?

Que saudade eu estava em falar com vocês, por questões de correrias acadêmicas não pude estar com vocês no último mês, mas aqui estou e aproveitando a proximidade com a prova do Exame de Ordem eu gostaria de falar na nossa coluna jurídica sobre um importante nome da Filosofia do Direito: Rudolf Von Ihering, mas precisamente da tese apresentada por ele em sua obra A Luta Pelo Direito (que inclusive recomendo J).

Mas, vamos deixar de enrolação e partir logo para o assunto:

Ihering afirma que o fim do direito é a paz e que o meio de alcançar a paz é a luta, ele também afirma que uma geração busca o direito de outra, e aquela que vive a paz do direito acaba ficando “mal acostumada” e por muitas vezes se mantem apática diante de perda conquistas.

O autor também afirma que quando o povo luta por seus direitos a ligação com a conquista é muito mais forte, assim como uma mãe tem ligação com seu filho, atualmente estamos na era dos textões na internet, dos posicionamentos online, mas quantos usam a sua voz verdadeiramente para lutar pelos direitos e não apenas para “lacrar”?

Vamos lá, neste momento eu irei apresenta-los a um dos personagens mais interessantes de Tolstói em sua obra magnifica “Guerra e Paz” (olha aqui eu indicando mais uma obra para vocês, haha, faço isso porque eu amo vocês e quero sempre compartilhar coisas boas), este personagem se chama: Pierre.

Nas batalhas entre a França e a Rússia na Guerra de 1812, Pierre muito gostava de comentar sobre a situação, ele, russo, por vezes entendia os anseios de Napoleão e o via como um grande general, por vezes, Pierre se juntava com seus amigos para falar sobre a guerra, para firmar opiniões sobre os fatos, tal como em uma rede social.

Acontece que havia uma batalha ocorrendo perto de Moscou, onde Pierre vivia e ele ansiando por ver a batalha, foi até ao local, lá acabou se perdendo de seus criados e ficou junto aos soldados, ao ver tantas mortes, violência e sofrimento Pierre não mais conseguia falar da guerra como antes, ao contar sua volta para casa o autor afirma:

“A única coisa que Pierre queria agora com todas as forças de sua alma era deixar para trás o mais depressa possível as impressões terríveis que havia passado aquele dia, voltar para as condições de vida normais, habituais, e dormir em seu quarto, em sua cama [...] mas as condições de vida normais não existam mais, em parte alguma.” (Tolstói, Liev. Guerra e Paz, p.1012, 1828-1910. 1° reimpressão. Companhia das Letras, São Paulo, 2017).

Assim como Pierre, estamos também vivendo em uma guerra, mas por vezes não temos consciência de sua realidade por estarmos fora, distantes da real situação, há muitas pessoas no campo de batalha, e nós, como cidadãos devemos buscar conhecer a realidade, assim como Pierre percebeu que em uma guerra não há condições de vida normais nós também devemos alcançar este nível de consciência, é a nossa vez de lutar pelos direitos daqueles que estão neste campo de batalha.

Será que nós somos a geração que vive na paz do direito e se acostumou com as injustiças, que aceita pacificamente as consequências da guerra?

Ihering fala sobre isso, lutar pelo direito é mais do que fazer textos e vídeos no instagran, é necessário lutar pelo direito por suas ações, no direito do respeito à vida, à condições dignas de saúde, educação, e consciência social, que suas ações sejam também fora das redes sociais, lutem pelos direitos, lute por seu direito, com consciência para alcançar a paz que só é alcançada por meio da luta.

Se Ihering cair na prova da OAB já sabe, essa questão já é sua.

Um grande beijo meus amores.

Para aqueles que irão fazer a prova boa sorte meus futuros advogados.

Até o próximo texto...